sábado, 15 de maio de 2010

Simples de entender,mas praticamente impossível de absorver.

E assim,sem olhar mais para trás e sem mais nem menos,sem pensar em nada,tomou o ônibus e partiu.Simplesmente partiu.Como quem parte para a morte ou para uma viagem sem volta.
Partiu sem saber para onde partir,partiu na esperança de encontrar o seu consolo interior.E como num súbito momentâneo,esqueceu-se de quem era de verdade,esqueceu-se do que planejava para viver,esse mundo tão hostil.Lembrou-se então,do que era antes de tudo isso,desse furacão imenso que tomou a sua vida de uma hora para outra.Ela era apenas uma menina,cujas ambições não era nada mais do que ser feliz,como qualquer menina com uma vida comum.Sim,lembrou-se que tinha uma vida comum,como a de qualquer um,mas,sem saber o porquê,um dia,decidiu não ser mais comum,decidiu que seria diferente e buscou isso,era o seu primeiro ideal.
E alcançou esse ideal com tanta rapidez e eficácia que só aí então que o furacão começou a girar em torno dela mesma.Mas igualmente como no começo,sem mais nem menos,tudo isso já não fazia mais tanto sentido como fez no começo de tudo.E ela se perguntava: para onde a vida está me levando?Os dias passam e eu me sinto apenas levada,arrastada,como folhas da rua numa forte enxurrada,sem destino certo,sem previsão de parada,no meio de tanta coisa e tanta gente que ela não sabia mais distinguir.
E sem saber mais o que era certo ou errado,entregou-se às mais belas vontades e desejos e caiu no engano de si mesma.Enganou-se ao pensar que as pessoas eram boas e que se podia acreditar nelas.Enganou-se ao pensar que tudo seria como era antes,quando ela era menina.E chorou de tanta frustração.Chorou por ter perdido a sua essência,chorou por ter perdido suas velhas amizades,as quais eram as únicas que ela acreditava poder contar,mesmo em tempos difíceis.
Cansada já de tanto se lamentar e de se auto-censurar,resolveu mais uma vez,num tremendo súbito,talvez até mesmo num devaneio,uma vertigem passageira qualquer,sumir.Sumir para onde não precisasse ser reconhecida,taxada,um lugar onde não lhe apontassem mais o dedo,nem lhe ferissem mais.E depois de tanto buscar,quase já desacredita de encontrar o local idealizado,já considerando a sua busca um tanto quanto vã,encontrou.
Encontrou quando parou de olhar ao seu redor,encontrou quando parou de se importar com os outros,encontrou quando olhou para dentro de si mesma,até atingir a sua paz interior,a sua própria paz.Descobriu,com muito custo,que esse lugar era dentro dela mesmo,seu único refúgio,o único ambiente no qual estaria ilesa de tudo e de todos.Descobriu que só lá poderia encontrar aconchego,consolo.E por fim descobriu que somente ela poderia fazer isso por ela mesma,só ela poderia curar as suas próprias feridas,só ela poderia fazê-la feliz,só ela poderia se superar,só ela poderia se amar,só ela é capaz de fazer por ela mesma o que ninguém mais pode fazer.Ela descobriu o seu verdadeiro eu.Aquele que tanta gente procura e nunca acha.


"Nós somos infelizes porque achamos que somos meros indívíduos,sozinhos com nossos medos e falhas,com nosso ressentimento e nossa mortalidade.Acreditamos equivocadamente que nossos pequenos e limitados egos constituem toda a nossa natureza."

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