terça-feira, 26 de outubro de 2010

No mundo de Caio [5]

Ligue,chame,escreva.Tem espaço na casa e no coração,só não se perca de mim.É difícil aprisionar os que tem asas.Não se preocupe,não vou tomar nenhuma medida drástica,a não ser continuar.Tem coisa mais autodestrutiva do que insistir sem fé nenhuma?Seria tão bom se pudéssemos nos relacionar sem que nenhum dos dois esperasse absolutamente nada,mas infelizmente nós temos emoções.Preciso de um colo que ninguém dá,mas tudo bem.Ámor é falta de QI.No meu demente exercício de pisar no real,finjo que não fantasiio.
E fantasio,fantasio.Até o último momento esperei que você me chamasse pelo telefone.Claro que você não tem culpa,meu bem,caímos na mesma ratoeira,a única diferença é que você pensa que pode escapar e eu quero chafurnar na dor deste furo enfiado fundo na minha garganta seca.Eu quis tanto ser a sua paz,quis tanto que você fosse o meu encontro.Quis tanto dar,tanto receber,aceitar o que me é dado.Sem ir além,compreende?
Não queria mais do que você tinha.Desculpa,mas foi só mais um engano?Chegue bem perto de mim.Me olhe,me toque,me diga qualquer coisa ou não diga nada,mas chegue mais perto.Não seja idiota,não deixe isso se perder,virar poeira,virar nada.Recomeçar é doloroso.Faz-se necessário investigar novas verdades,adequar novos valores e conceitos.Eu preciso muito,muito de você.
Eu quero muito você aqui de vez em quando,nem que seja muito de vez em quando.Você nem precisa trazer maçãs,nem perguntar se eu estou melhor,você não precisa trazer nada,só você mesmo.Foi quando eu senti,mais uma vez,que amar não tem remédio.A dor de se perder alguém em vida é pior do que a dor da morte,porque é o nunca mais de alguém que se poderia ter,já que está vivo e por perto.Nuvem que não passa.E chove em mim todos os dias.
Você vai me abandonar e eu nada posso fazer para impedir.Você é meu único laço,entre aqui dentro e lá fora.Tenho medo de,dia após dia,cada vez mais não estar no que você vê.E tanto tempo terá passadp que tudo se tornará cotidiano e minha ausência não terá nenhuma importância.Serei apenas memória.

No mundo de Caio [4]

Eu simplesmente amo,acordo e vou dormir com ele em meus pensamentos.Me pergunto sempre se você não teceu em volta de mim uma porção de coisas irreais.Sei perfeitamente quando uma lembrança começa a deixar de ser uma lembrança para se tornar uma imaginação.Deu vontade de ficar mais tempo junto,deu vontade de levar essa história até o fim.Esse vício de eternidade que a gente tem.De certo modo aquele beijo ainda ardia.
Agora eu me tornei uma pessoa daquelas que cuidam para não se envolver.Já tenho um passado,tenho tanta história.De todos aqueles dias seguintes,só guardei três gostos na boca:de vodca,de lágrima e de café.Para matar um desejo,é preciso viver,nem que depois você morra junto com ele.Esse é o problema dos desejos,eles não aceitam não como resposta.Você só coloca um ponto final nele se for até o fim.Não há mais nada a ser feito.Ficar desesperado e arrancar os cabelos não resolve nada.
Aprendi a amar menos,o que foi uma pena e aprendi a ser cínica com a vida,o que também foi uma pena,mas necessário.Te espero de braços abertos.Bem aventurados os doidos de pedra.Era extraordinário que ele conseguisse assim perturbar os cantos dos meus lábios.Fazia tempo que eu não tinha vontade de sorrir para nada nem para ninguém.Querer?Querer a gente inventa.Talvez o mal é que a gente pede amor o tempo todo.
Estou toda sensível,as coisas me comovem.Invento estorinhas para mim mesma,o tempo todo,me conformo,me dou força.Mas a sensação de estar sozinha não me larga.Eu me sinto ás vezes tão frágil.Queria me debruçar em alguém,em alguma coisa,alguma segurança.De alguma forma,às cegas,às tontas,tenho feito o que acredito,do jeito talvez torto que sei fazer.Não vamos enlouquecer nem nos matar,nem desistir.Pelo contrário:vamos ficar ótimos e incomodar bastante ainda.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

No mundo de Caio [3]

Preciso ter certeza que inventar o nosso encontro sempre foi uma intuição,não mera loucura.Francamente,seu silêncio me dá nos nervos.Seria isso então?Você só pode dar quando não é solicitado?E quando pedem algo você foge em desespero?Este é um ponto importante:ir,sobretudo,em frente.Quero muito te amar e encontra-me contigo.Mas não sei se conseguiremos.E tudo por aqui,na verdade,vai bem.Pulo os poços,quando pintam-e como pintam.
Reconstituo os pedações,a gente enfeita o cotidiano,tudo se ajeita.Parece difícil de enxergar que insistir nisso é perda de tempo,é perda de vida em uma causa perdida.No meio da fuga você aconteceu.Foi você,não eu quem buscou.Mas o dilaceramente foi só meu,como só meu foi o desespero.Tá tudo bem assim,só que rouba o sentido,entende?Ou a ilusão de sentido que quero ter de vida.E fico sentindo falta do seu jeito lento de chegar,pisando em nuvens,sempre azul.
Encontrei o amor.Ele não é real,mas o que há de se fazer?A gente não pode ter tudo na vida.Amanhã,depois,acontece de novo,não fecho nada,continuamos vivos e atrás da felicidade.A gente se entrega nas menores coisas.Ousadias do coração que saca,na hora,a intensidade do lance.E não disfarça.Nunca tinha sido tão intenso,nem tão bonito.Nunca tinha tido um jeito assim.
Eu pensei várias vezes em dar um fim nisso,não fiz porque eu sabia que ia me arrepender e voltar atrás.Ela não queria entrar noutra história,porque doía.É demasiado esforço,excessiva dor e você esquecerá como se esquece um compromisso sem muita importância.Decidi me poupar mais.Tem sido difícil e nem sei se há recompensa.Talvez,quem sabe,me sentir melhor comigo mesma.Dentro de mim,guardo sempre seu rosto e sei que por escolha ou fatalidade não importa.

No mundo de Caio [2]

Para continuar vivendo eu preciso de uma parte minha que está com você.Se você vem,tudo fica maior,mais amplo,sei lá,mas é como se eu existisse dum jeito mais completo.Nós vamos nos ver,nós vamos conversar,sair juntos,provavelmente nos tocar e de repente tudo pode realmente ser.Tenho uma ternura enorme por você e para mim é muito difícil isolar essa ternura da razão.O tempo não se encarrega de matar os desejos,mas ele substitui os personagens.
Já não sou mais a mesma.Endureci um pouco,desacreditei muito das coisas,sobretudo das pessoas e suas boas intenções.Que seja ele.Que seja exatamente este o porto.Mesmo para odiá-lo apaixonadamente algumas vezes.Uma relação calma entre duas pessoas que,sem se preocuparem em ser eternas,fizeram uma da outra o seu lugar de repouso.
Eu era o seu lado esquerdo e você era o meu lado direito.Preciso desesperadamente te esquecer,como preciso neste instante do seu abraço e regresso,ou necessito de atenção.Não que eu queira te esquecer,eu preciso.E luto contra isso,com todas as minhas forças semi-esgotadas.Palavras não descrevem os olhos,as bocas,os braços e abraços,nem a alegria até então desconhecida de um reencontro.Não acredito que maus fluidos,por mais fortes que sejam,consigam destruir um amor bonito,limpo.
A verdade é que eu ainda hesito em dar um nome àquilo que ficou,depois de tudo.Porque alguma coisa ficou.Nada nunca será a última vez entre nós dois.A última sim,melhor que a primeira,mais fundo que todas.Quando fecho os olhos,é você quem eu vejo,aos lados,em cima,embaixo,por fora e por dentro de mim.

No mundo de Caio

Que bom que sou forte,que bom que suporto,que bom que sou criativa.Ela gostava de estar com ele.Ele gostava de estar com ela.Isso era tudo.Tô bem indiferente.O coração,o cactus.Não me importo mais.Não adianta.No momento em que as pessoas se afastam elas estão perdidas umas das outras.Ele me toca.Mexe comigo.Talvez eu esteja assim toda lisonjeada porque alguém parece prestar atenção em mim.Mas eu te ouvia dizer que sabia ser necessário optar entre mim e ela e que optaria por ela,por comodidade.
Eu e você não acontecemos por uma relação casual,mas por uma relação de significado que ainda estamos trabalhando.Amor?Não sei.É meio paranóico.Parece uma coisa para enlouquecer a gente devagar.Aos caminhos eu entrego o nosso encontro.Mas a verdade é que eu ainda não quero me prender a nada,a nenhum lugar,a ninguém,a não ser que pinte com muita força.E tudo o que eu andava fazendo e sendo eu não queria que ele visse e nem soubesse.
Chorar por tudo que se perdeu,por tudo que apenas ameaçou ser,pelo que perdi de mim,pelo ontem morto,pelo hoje sujo,pelo muito que amei e não me amaram,pelo que tentei ser correto e não foram comigo.Meu coração sangra com uma dor que não consigo comunicar.A única magia que existe é estarmos vivos e não entendermos nada disso.A única magia que existe é a nossa incompreensão.
Talvez um voltasse,talvez o outro fosse.Talvez um viajasse,talvez o outro fugisse.Talvez trocassem telefonemas noturnos,talvez ficassem curados,ao mesmo tempo ou não.Talvez não se vissem nunca mais,talvez enlouquecessem de amor e mudassem um para a cidade do outro.Talvez tudo,talvez nada.Não meu bem,não adianta querer bancar o distante de novo.E lá vem o amor nos dilacerar de novo.
Não,você não sabe como eu tentei me interessar pelo desinteressantíssimo.Quando partiu,levava a cabeça erguida.Não olhava para trás,porque olhar para trás era uma maneira de ficar num pedaço qualquer para partir incompleto,ficado em meio para trás.Não olhava e não ficava.Completo,partiu.
Sei lá,não quero ser injusto nem nada,apenas me ferem muito esses teus silêncios.Acho que sou bastante forte para sair de todas as situações em que entrei,embora tenha sido suficientemente fraco para entrar.Ando meio fatigada de procuras inúteis e sedes afetivas insaciáveis.Meu coração tá ferido de amar errado.Tô exausta de construir e destruir fanstasmas.Não quero me encantar com ninguém.
Sempre me pergunto porque,raios,a gente tem que partir.Voltar depois,quase impossível.Num deserto de almas também desertas,uma alma especial reconhecia de imediato a outra.A gente se apertou um contra o outro.A gente queria ficar apertado assim porque nos completávamos desse jeito,o corpo de um sendo metade perdida do corpo do outro.Tudo já passou e minha vida não passa de um ontem não resolvido.

Nesse quarto em um segundo

A água flui,vai para a frente.Isto também vai passar,mas não compreendo.Mas desde o princípio alguma coisa-fados,astros,sinas,quem saberá?conspirava contra(ou favor,porque não?)aqueles dois.Te vejo perdendo-se todos os dias entre essas coisas vivas onde não estou.O tempo é que mostra o que realmente valeu a pena,o tempo nos ensina a esperar,o tempo apaga o efêmero e acaba com a dúvida.Seu sorriso derretia satélites e corações gelados.
Que meus olhos saibam continuar se alegrando sempre.Tinha um pouco de criança quando sorria desse jeito.Dentro daquela saudade não ia embora por mais que o tempo passasse dentro dela.O que me doía agora era um passado próximo.Não acho bonito que a gente se disperse assim,só isso.A dor é a única emoção que não usa máscara.A saudade fará mais por nós que nosso amor e sua desajeitada e irrefletida permanência.Aí chega a hora em que distribuo o segredo:o tudo que faltava,talvez seja você.
É só esta vontade quase simples de estender os braços para tocar você.Porque é tão mais fácil aturar a vida sabendo que tem você.Agora sem você,meu amigo,a coisa fica realmente feia.Um band-aid no coração,um sorriso nos lábios e tudo bem.Penso coisas bobas quando,sentada na janela do ônibus,encosto a cabeça na vidraça,deixo a paisagem correr e penso demais em você.
Então,você ensaiasse um gesto feito,um toque para chegar mais perto,apenas para chegar mais perto,um pouco mais perto de mim.E eu sei que estou apenas no início de um largo caminho de amor.Mas Deus não te ira as coisas.Ele te livra delas.Era um amor diferente.Quase uma segurança de sabê-lo ali.Mesmo assim eu não esquecia ele.Em parte porque seria impossível esquecê-lo,em parte também principalmente,porque não desejava isso.
Não se angustie procurando-o:ele vem até você,quando você e ele estiverem prontos.E além de não estar nem no aqui nem no agora,ele não partia.Morro de saudade.Que coisa maluca a distância,a memória.Você me embala dentro dos seus braços e você me beija e você me aperta e você me aquieta repetindo que está tudo bem,tudo bem.O que hoje é drama,amanhã estará quieto na memória.

domingo, 17 de outubro de 2010

Mais um pouco de Stephenie.

Perguntei-me quanto tempo aquilo ia durar.Talvez um dia,anos mais tarde - se a dor diminuísse a um ponto que eu pudesse suportar - eu fosse capaz de olhar o passado,aqueles poucos meses que sempre seriam os melhores da minha vida.Ele acha que tempo e paciência me fariam mudar.Ele era meu melhor amigo.Eu sempre o amaria e isso jamais seria suficiente.Era difícil me manter firme,não me trair.
Eu sabia que o pesadelo ia terminar.Eu poderia sobreviver a isso.Não parecia que a dor tivesse diminuído com o tempo,na verdade,eu é que ficara forte o bastante para suportá-la.Proibida lembrar,com medo de esquecer.Como poderia ter certeza de que ele foi real?Eu podia não pensar naquilo,mas queria me lembrar de tudo.Porque só havia uma coisa em que eu precisava acreditar para poder viver:eu precisava saber que ele existira.Era só.
Todo o restante eu podia suportar.Desde que ele tivesse existido.O tempo passa.Mesmo quando isso parece impossível,mesmo quando cada batida do ponteiro dos segundos dói como o sangue pulsando sob um hematoma.Passa de modo inconstante,com guinadas estranhas e calmarias arrastadas,mas passa.Até para mim.Era incrível como cada célula do meu corpo parecia saber que ele estava vindo.
Todos pareciam estranhamente irrelevantes no momento.Eu estava perdendo o juízo.Quandp eu estava com ele,o tempo e o lugar eram uma coisa tão obscena e desordenada que eu perdia completamente a percepção dos dois.E eis que o leão apaixona-se pelo cordeiro.